O CORPO Carlos Drummond de Andrade
Eu, etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome...estranho...
(...)
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar a minha a minha identidade
(...)
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso de outros, tão mim-mesmo,
Ser pensante, sentinte e solidário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
(...)
Por ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas algo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem,
Meu nome novo é coisa
Eu sou a coisa coisamente.
EXERCÍCIOS
1-) Como você se sente em relação às críticas feitas pelo poeta?
2-) Você concorda com ele? Por quê?
3-) O que podemos fazer para não nos tornarmos um COISA?
4-) Há neologismos no poema? Indique quais são essas palavras no texto.
5-) Escreva a respeito da interferência da moda e do consumo na identidade das pessoas. (mínimo 5 linhas).
Lembre-se: você tem auxílio da internet para pesquisar.